Santo Antônio: um Sítio Edificado em Cores!
O bairro que você vai conhecer é célebre pelas cores de seus casarões em meio à tranquilidade de uma pacata cidade do interior. As primeiras construções no local acontecem entre 1580 e 1650 no período da colonização na Bahia. Essa fase coincide com a segunda etapa da construção da cidade do São Salvador, já que a primeira compreende o espaço entre o Elevador Lacerda e a Praça Castro Alves, a partir de 1549. Muros e fortificações garantiam a segurança da cidade com características medievais.
O nome do bairro é uma referência a Santo Antônio de Lisboa, tão celebrado e condecorado pelos chefes e pelos navegantes portugueses, que renderam devoção ao Santo por muitas batalhas conquistadas e muitas viagens bem-sucedidas. O dia 13 de junho é a data-mor para sua celebração. A igreja, que fica no largo principal, exalta e glorifica a Santo Antônio, o Santo casamenteiro, dando início aos festejos Juninos que rezam também São João e São Pedro.
Localizado entre o Pelourinho e o Barbalho, o bairro tem um forte construído para proteger a cidade das invasões inimigas - principalmente a dos holandeses -, onde hoje funciona o Museu da Capoeira na Bahia, que incentiva a prática, a preservação patrimonial e a propagação de sua cultura pelo mundo, tendo como alicerce a cidade de Salvador, onde ela nasceu e se desenvolveu.
Chegando ao bairro, salta aos olhos uma arquitetura colonial cheia de cores, tamanhos e modelos. Escadarias, igrejas, casarões e conventos harmonizam-se lado a lado, cada um exercendo sua função: rezar, vender, morar, produzir arte e colorir com beleza quem passa, visita, quem faz e acontece no bairro. Dá a impressão de que tudo ali é amontuado de casas, mas não, são organizados naturalmente pela necessidade. Posto que a cidade na época da construção era pequena, e os espaços tinham de ser bem aproveitados, o que justifica um edifício ser colado ao outro. Nada que diminua sua beleza! As cores primárias, secundárias e terciárias se combinam e dão um tom amistoso e colorido ao local.
Foto: Manoel Assis. Vista da Igreja do Convento do Carmo. Linhas, figuras geométricas e muita cor!
Um visitante uma vez me disse: "Volto lá pela tranquilidade… O samba no pátio da igreja é show de bola… Gosto da conservação do lugar, das casas antigas, da visão do pé da ladeira do Boqueirão com a igreja no topo.... da Cidade Baixa que se encaixa entre os velhos casarões, do marzão da Baía de Todos-os-Santos e do pôr do sol lindo, é demais!", diz (Vinicius Tiano). Realmente o pôr do sol lá é de "tirar o fôlego!". Impressiona pela beleza, pela calma que transmite e pela esperança num recomeço de um novo amanhã.
Foto: Manoel Assis Modelo: Maria Eduarda Equipe: Val Schindler e Edson Portela. Contra luz. Silhueta e ao fundo belo pôr do Sol e a Baia de Todos Os Santos!
Com base na visão do caro visitante e nas tantas vezes que por lá transitei, tanto como fotógrafo como a passeio, nota-se uma preservação muito boa do local. Poucos são os sobrados em desuso ou mal cuidados. Há uma fiscalização sistemática por parte do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no sentido de manter preservadas as características arquitetônicas, por meio do tombamento, que impede qualquer modificação na fachada dos prédios, salvaguardando um aspecto da Salvador Colonial.
Foto: Manoel Assis. Fachada Casarões. Duas cores primárias. Amarelo, a mais brilhante, e o Azul, remete à profundidade. Cores complementares se emoldurando num dos casarões.
Muito se fala sobre esse bairro. Mas um aspecto que me chama muito a atenção é de que lá, apesar de ser um atrativo turístico, a ocupação dos imóveis se dá mais por moradia do que o comércio, diferentemente do Pelourinho. O Santo Antônio tem vida própria. As pessoas se comunicam, passeiam, levam as crianças para brincar na praça, vão à missa, sentam-se nas portas e saem para comprar o pãozinho de cada dia. É um dos poucos lugares de Salvador que preservam seu Coreto, aspecto alusivo a cidades menores do interior.
Santo Antônio do Obelisco! Das janelas que revelam o olhar de quem passa para o Boqueirão. Do Plano Inclinado do Pilar. Da Cruz do Pascoal. Do Cafelier que traz gente autêntica de identidade artística. Do antigo ensaio dos Corujas, famoso bloco de Salvador, hoje comandado pela RAINHA DO AXÉ, Daniela Mercury. De um verão lotado de turistas que um grande amigo e morador do bairro, Carlos Antônio, em sua infância, costumava dizer: "Não sei por que eles (turistas) vêm pra cá!" Em sua visão de fotógrafo, se diz sempre boquiaberto com a luz mágica que incide a todo tempo sobre aquele cenário de inspiração poética.
Foto: Manoel Assis. Ensaio do casal: Henrique e Cris. Pintura em Homenagem ao artista Moa do Catendê. Escadaria Igreja do Passo.
Sua imaginação deve estar longe!!!! A curiosidade aguçada pelos sentidos. Lhes faço então um desafio: venha conhecer o Santo Antônio! Sentir-se num lugar histórico, imerso em beleza e tranquilidade. Suas imagens aqui registradas serão eternizadas. Faremos do seu momento uma obra de arte, pintada com luz e muita cor. Viva a Santo Antônio! Aqui você vai se sentir em casa, seu retrato vai ficar em destaque em nosso melhor mural!
